O abaixo-assinado hoje entregue manifesta a "defesa do Mercado do Bolhão", onde "o povo do Porto está contra o negócio da câmara municipal, para a exploração daquele espaço a privados", explicou Manuel Correia Fernandes, porta-voz do movimento cívico.

Cerca de uma centena de manifestantes, que esta manhã saíram do Porto em autocarros, entoaram em cântico em frente à Assembleia da República, "o Bolhão é nosso até morrer", envergando uma tarja com a inscrição "obras sim - demolição não".

Manuel Correia Fernandes lamentou "ter as portas do poder local fechadas na cidade do Porto", o que justifica a vinda a Lisboa, para entregarem as 50 mil assinaturas recolhidas.

A vendedora no mercado do Bolhão, Aurora Novais, acusa a câmara e a empresa holandesa de "não dialogarem com os comerciantes", garantindo que não sai da loja que ocupa há mais de 30 anos.

Para Maria Saldanha, de 60 anos, que vende hortaliças no interior do Bolhão, negócio que herdou da mãe, os políticos "são falsos como tudo, prometem uma coisa e fazem outra".

A delegação de nove pessoas do movimento cívico foi recebida na sala de visitas do presidente da Assembleia da República, por Manuel Alegre, que não prestou quaisquer declarações aos jornalistas.

Os comerciantes afirmam que nunca foram ouvidos, mas que anteriormente, o arquitecto Joaquim Massena garantiu que as obras podiam ser feitas com os vendedores a trabalhar.

Os vendedores do mercado do Bolhão estão em desacordo com o contrato assinado a 23 de Janeiro, entre a câmara e a empresa holandesa Tramcorne, que ganhou o concurso de exploração do mercado nos próximos 50 anos.

O contrato prevê que a Câmara do Porto ceda o edifício em direito de superfície, recebendo um milhão de euros no momento da emissão da licença de construção, além de uma percentagem dos resultados de exploração a partir do décimo ano.

A empresa holandesa Tramcorne já fez saber que pretende "manter a traça original do Mercado do Bolhão", e complementar com lojas novas outras áreas daquele espaço, metade das quais de cultura, lazer e restauração.

Com Lusa